domingo, 4 de agosto de 2013

A Vila Velha do nosso tempo (Anos sessenta).

Como dizia o anúncio, nós ainda somos do tempo em que a Vila Velha era uma terra de casas com pessoas lá dentro, cada habitação uma família, algumas até com excesso de lotação.
Havia de tudo na Vila Velha, Banda de Música da Sociedade União Sintrense, Mercado Municipal, que durante muito tempo foi o único, drogaria, papelarias e tabacarias, depósito de tabacos para venda por grosso, 2 ferradores, serralharia cívil, carpintarias, vários industriais da construção cívil, estofador e correeiro (o meu pai), mercearias quatro ou cinco, táscas mais de seis, uma carvoaria, três sapateiros remendeiros, e o Joaquim de Almeida que também fazia obra nova, cinco talhos, padarias com fornos a lenha e produção própria eram três, o Melo, o Tavares e o Penaforte, pastelarias e cafés e a Raínha de todas elas a Piriquita. Hoteis em funcionamento ali na vila também três, o Central, o Nunes e o Neto, este que hoje é uma ruína vergonhosa. Para além destes apareceu no início da década o Hotel Seteais. Com o aparecimento do Tivoli, acabo logo o Hotel Neto, e o Hotel Nunes, que foram adquiridos para dar lugar ao que lá existe hoje. Todos viviam com as suas famílias da ocupação que os hoteís tinham e ainda haviam as Pensões Santa Margarida, o Bristol e a D. Capitolina que alugava quartos. Não houve investimentos no sector e morreram todos.
Hoje os candidatos à Câmara e à Junta que engloba a Vila Velha, têm como objetivo fixar os turistas em Sintra, que nos visitam e fogem logo para Lisboa e Cascais porque não temos e não soubemos fazer ao longo dos tempos, com que estes se fixassem aqui e não fossem de abalada.
Sintra do nosso tempo era muito procurada para jovens casais em lua de mel, pela beleza da terra pelos seus hotéis pequenos e acolhedores, a beleza dos arredores e a boa localização perto de tudo, mar, serra, as visitas culturais, Cascais e Lisboa já aqui ao lado, faziam de Sintra o local apetecido, isso acabou.
Eu sou capaz de nomear todos os proprietários dos establecimentos que estou a enumerar, e outros que me vou abster de mencionar para não tornar isto fastidioso.
Acabou tudo!  Felizmente ainda existe o Café Paris, mas, nada daquele café familiar, onde grande parte dos jovens e homens da Vila se juntavam à hora do almoço, ao fim da tarde depois do trabalho, e à noite para beber um café, e cavaquear com os amigos. Era o ponto de encontro por excelência dos Diamantes Negros, o café tinha um género de telefone público, semelhante às cabines telefónicas, e como nós à exceção do Xixó não tinhamos telefone em casa, demos durante muito tempo o numero do Café Paris para contactos, e os seus empregados algumas vezes, se não estava nenhum de nós por ali, chegaram a "alinhavar" atuações, ficando nós de telefonar para acertar os detalhes para os contratos.
São os custos do progresso.


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