Nunca esqueço quem me faz bem!

 

Raul Solnado na história dos Diamantes

Nunca esqueço quem me faz bem!
Estávamos a preparar a festa do 3º Aniversário dos Diamantes Negros em 1967, como os anteriores tinham sido um sucesso, e já faziam parte das grandes festas produzidas na Sociedade União Sintrense, ombreando já com o famosíssimo (à época) BAILE das CAMÉLIAS, andávamos a ver quem é que deveria ser o cabeça de cartaz. Como na altura tínhamos no nosso grupo o saudoso Henrique José Freitas de Sousa, mais conhecido por Henrique Max, filho do também amigo e muito querido MAX, figura ímpar do nosso meio artístico, o Henrique ficou de falar com o pai para este vir à nossa festa e trazer mais uma atracção daquelas que estavam com ele no teatro, para nós o Sr Max seria a atracção e depois traria um colega, não escolhemos nomes, seria ao critério dele. Ora o Sr. Max naquela altura estava a trabalhar, ou para o Raul Solnado ou ele (Solnado) era primeira figura do Teatro onde trabalhavam ambos. Sei que Solnado era garantia de casa cheia, nunca tinha estado em Sintra e sobretudo era do melhor que se podia desejar pela sua popularidade e pela sua categoria incomensurável.

Vários problemas se colocavam à partida, o Senhor Max disse:
- Ou levo o Raul ou então não levo mais ninguém!
Os nossos aniversários eram uma data móvel, sempre no Sábado mais próximo do dia 25 de Janeiro, ora os artistas de Teatro naquele tempo, tinham sempre duas sessões, e ao Domingo três; uma matine e duas sessões à noite. Vir para Sintra actuar depois de duas sessões, estafados, com mais vontade de ir dormir, e ainda vir actuar de graça, é preciso ser muito solidário e ter muita disponibilidade! Mas como o Senhor Max, era uma daquelas pessoas que estavam sempre disponíveis para os outros, dificilmente alguém lhe daria um não a algo que ele solicitasse.
Bastou falar com o Senhor Raul Solnado e dizer que era para vir a uma festa do conjunto do filho, que tivemos logo um sim, e que estaria presente com muito prazer.

Pois chegado o dia como esperávamos tivemos casa cheia, e como vos disse eles vinham cansados e o Raul Solnado com dores de garganta, porque todos os dias aquela estafadeira, e ter de falar quase a gritar porque os teatros não estavam munidos dos meios técnicos de hoje, mesmo assim o profissionalismo falou mais alto e lá tivemos a honra de termos a presença de Raul Solnado em Sintra, com uma actuação ao seu nível, do agrado geral, e mais um sucesso a nossa festa de aniversário.
No dia em que se perde mais um grande valor do meio artístico nacional, não podem os Diamantes Negros ficar indiferentes ao desaparecimento de alguém que fez parte da nossa juventude, nos fez passar momentos muito felizes e também faz parte da história dos Diamantes Negros.
Que descanse em paz, e onde quer que esteja por tudo o que fez em prol dos artistas, (não esquecer que a Casa do Artista é ideia sua para a qual contribuiu muito), do teatro em particular, e da arte em geral, terá sempre o reconhecimento e a gratidão dos DIAMANTES NEGROS.

Sintra, 8 de Agosto de 2009
Carlos José Santos (Caínhas)

Raul Solnado
Nome completo
Raul Augusto Almeida Solnado
Nascimento
19 de Outubro de 1929
Lisboa
Morte
8 de Agosto de 2009
Lisboa
Nacionalidade
Portuguesa
Ocupação
Humorista, Apresentador televisivo e Actor

(fonte: foto e dados biográficos Wikipédia)